Aeróbico Antes E Depois Da Musculação Para A Redução Do Percentual De Gordura Em Mulheres Iniciantes Na Musculação

A globalização, o consumismo, a falta de tempo e o estresse, são fatores que têm levado a sociedade moderna ao sedentarismo e a obesidade. Segundo projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2015), para o ano de 2025, haverá 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos.

Além dos fatores ambientais (má alimentação, psicológicos, inatividade), a obesidade tem um forte componente genético, já que a probabilidade de uma pessoa ser obesa pode ser de 40% se um dos pais for obeso e de 60 a 80% se ambos os pais forem obesos (Domingues, 2000; Oliveira e Firsberg, 2015).

Conforme Mancini (2001) as principais doenças causadas pelo sobrepeso são a hipertensão, trombose, estrias, apneia, infertilidade, diabetes, gota e anormalidades menstruais. No Brasil, uma pesquisa realizada pela ANS (2014), apontou que 52,2% da população está com sobrepeso sendo que 45,4% são mulheres, já a obesidade atinge 16,8%.

Rio Branco e Campo Grande são as capitais com maior número de mulheres obesas em sua população. O excesso de peso inicia na juventude, 25,4% das mulheres entre 18 e 24 anos apresentam sobrepeso, assim como o sedentarismo, representando 75,4% delas.

O tecido adiposo se encontra em várias regiões do corpo humano, o tecido adiposo visceral, o tecido adiposo subcutâneo abdominal e o tecido adiposo glúteo-femoral são os pontos mais nocivos para a saúde. Vários estudos mostram relação do acúmulo de gordura nestas regiões e o aparecimento de doenças cardiorrespiratórias.

O estudo de Miqueleto (2011) revelou que o IMC, a circunferência da cintura e a RCQ (Relação Cintura-Quadri) são bons índices para avaliação da distribuição do tecido adiposo, como também para o monitoramento das variações na massa corporal e sua influência sobre a saúde.

Para avaliar a quantidade de tecido adiposo visceral e subcutâneo é necessário realizar uma avaliação física antropométrica. De acordo com McArdle, Katch e Katch (2001), uma avaliação da composição corporal tem o objetivo de quantificar os diferentes compartimentos corporais, em uma divisão que varia, segundo as diferentes abordagens, em dois, três ou mais compartimentos, que somados correspondem a massa corporal total do indivíduo (Marins, 1998).

Existem vários protocolos de avaliações indiretas, como a pesagem hidrostática, a medida de pregas cutâneas e das circunferências, raio-X, bioimpedância, ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética (Mcardle, Katch e Katch, 2001).

Com a avaliação é possível mensurar o percentual de massa magra, gorda e óssea, e também verificar o desempenho, resultado de treinamentos e principalmente o estado físico do indivíduo. Com o aumento do sobrepeso, a busca pelo emagrecimento e a preocupação com os riscos à saúde também aumentam, pois atualmente muitos indivíduos procuram reverter este quadro e buscam mais qualidade de vida.

Na teoria, para as pessoas, a melhor forma de emagrecer é a abordagem matemática, ou seja, gastar mais calorias do que consumir, realizando exercício físico ou uma dieta hipocalórica. No entanto, na prática essas intervenções não funcionam para todos.

A perda de massa corporal por semana deve ficar entre 0,45 e 0,9kg, superior a isso somente com acompanhamento médico (Kenny e colaboradores, 2013, p. 558). Como o emagrecimento é um processo longo, muitas pessoas acabam desistindo das dietas e exercícios antes do tempo devido a desmotivação por não conseguir o resultado rápido.

Existem vários métodos que podem ser utilizados para o emagrecimento como o exercício físico, controle nutricional, suplementação, medicamentos, hormônios, cirurgias bariátricas e contenção de estômago.

O exercício físico possui um papel fundamental no controle da massa corporal, o treinamento aeróbico pode produzir efeitos significativamente benéficos ao organismo, mas deve ter uma prescrição adequada e com suas respectivas características de treino (Gueths, 2003).

Por isso, deve-se levar em conta a duração, intensidade e frequência da realização dos exercícios. Para alguns autores, deve ser um esforço de longa duração e com intensidade moderada.

O American College of Sport Medicine (1980), recomenda uma frequência cardíaca de 60% a 90% da Fcmáx ou 50% a 85% do VO2 máx, duas a três vezes por semana. Exercícios aeróbicos caracterizam-se por utilizarem predominantemente o sistema aeróbico (oxidação lipídica) como fonte de energia, sendo um exercício submáximo com duração mínima de três minutos.

O treinamento contra resistência, popularmente chamado de musculação, são exercícios localizados, que enfatizam um ou alguns grupos musculares e realizam movimentação articular alternando contrações isotônicas excêntricas e concêntricas.

A produção de energia neste treinamento é predominantemente anaeróbica. Para realizar um treinamento eficaz deve-se levar em conta alguns princípios como: intensidade, volume, sobrecarga, objetivo e a individualidade.

Os exercícios contra resistência fazem parte de programas de reabilitação, condicionamento físico e manutenção da saúde de crianças, adultos e idosos e melhoram as capacidades físicas como força, resistência, coordenação motora e também auxiliam no ganho de massa muscular, redução do tecido adiposo e prevenção de doenças cardiopulmonares (Santarem, 2015).

O treinamento aeróbico realizado na mesma sessão do treinamento contra resistência chama-se treinamento concorrente. Os estudos concluem que a primeira atividade pode interferir no desempenho da atividade subsequente, ou seja, deve-se priorizar a contra resistência se o objetivo é aumentar força ou o aeróbico se o objetivo é aumentar a resistência e capacidade aeróbica (Kang, 2014).

O corpo humano possui três sistemas para fornecer energia; o ATP-CP que fornece energia para movimentos rápidos e curtos que exigem muita força, potência e explosão, sendo que esse sistema se esgota próximo de 20 segundos de duração; em seguida, entra o sistema glicolítico que fornece energia para exercícios de um a três minutos e consome o glicogênio muscular e hepático disponíveis.

O último e mais complexo dos sistemas, o oxidativo, refere-se aos exercícios que duram mais de três minutos, como a corrida em velocidade moderada. Com a ajuda do oxigênio, o sistema oxidativo decompõe os substratos dentro das mitocôndrias e gera energia.

Os três sistemas de energia estão sempre em funcionamento conjunto, nenhuma atividade é realizada com 100% de um sistema. Segundo Dorneles (2012) o tecido adiposo tem relação ao eixo endócrino do hormônio do crescimento e apresenta também um papel desencadeador de processos anabólicos em diversos tecidos.

Exercícios de alta intensidade que possuem uma alta demanda do sistema glicolítico elevam o valor do lactato sanguíneo em repouso que fica entre 1mmol/L e 2,8mmol/L em até 25mmol/L.

O aumento da acidez muscular inibe a degradação do glicogênio muscular e compromete a função das enzimas glicolíticas, pode diminuir a ligação do cálcio pelas fibras, e, portanto, pode impedir a contração muscular (Kenny e colaboradores, 2013).

O ácido lático é produzido pela glicólise em exercícios anaeróbicos e é removido pela mitocôndria que o utiliza também como fonte de energia, processo denominado de gliconeogênese.

O excesso de lactato no sangue é uma indicação de que o sistema aeróbico não está sendo capaz de suprir a demanda de energia requerida para completar a atividade, sendo necessária a utilização de mecanismos compensatórios (glicólise anaeróbica).

Acredita-se que o lactato está relacionado com a fadiga muscular, já que altas concentrações do ácido diminuem o desempenho, mas sabe-se que quanto mais treinado o indivíduo mais tolerável o seu corpo é aos altos níveis de lactato (Fisiologia do Exercício, 2013).

Exercícios de alta intensidade como o da terceira etapa do treinamento desta pesquisa, ocasionam o declínio na oxidação de lipídeos e a estimulação da taxa glicolítica e mostram maior eficácia no metabolismo lipídico pelas respostas metabólicas pósexercícios.

Alguns estudos Gentil (2014), Geths (2013) e Silva Filho (2013) demonstram que a intensidade é um fator muito importante para alcançar qualquer objetivo. No caso de emagrecimento, nos treinamentos de endurance, sessões mais curtas (30 a 40 minutos) com intensidades mais altas (>75%) têm se mostrado mais eficazes; e nos treinamentos contra resistência, os treinos com menor volume e maior carga priorizando hipertrofia e força tem sido eficazes.

O objetivo desse estudo foi comparar se há diferença entre a realização do treinamento aeróbico antes ou depois do treinamento contra resistência para a redução do percentual de gordura corporal em mulheres jovens

Não houve nenhuma diferença significativa nos dados avaliados, massa corporal total, IMC, percentual de gordura e RCQ entre os dois grupos e nas avaliações iniciais e finais em ambos os grupos. A única diferença estatística entre pré e pós programa de 12 semanas de exercício, em ambos os grupos experimentais foi o aumento da massa muscular, de 2,61kg (p=0,02) e de 1,71kg (p=0,01) para os grupos TCRAA e TCRDA respectivamente.

Apesar do número amostral desta pesquisa ser baixo, podemos concluir que se o objetivo do indivíduo é redução do percentual de gordura não há diferença entre realizar o treinamento aeróbico antes ou depois do treino contra resistência, porém pelo ganho de massa muscular é aconselhável realizar o treinamento aeróbico após o treinamento contra resistência.

Sugere-se que mais estudos sejam realizados se possível com maior número de participantes.

Leia o artigo completo em: file:///C:/Users/Casa%20do%20Fitness/Downloads/1252-5386-2-PB.pdf

Prof. Maurílio Santana
(19) 99777.6013

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